VIGÍLIA

Não me cabe no bolso

As angústias de agora...

Passo à vida a fora

Tentando sentir o gosto:

Dos frutos que não comi;

Das palavras que não proferi;

Das agonias que não vivi.

O passaredo me acorda

Perdido como adormeço.

Justa sentença, confesso,

Pois não fui me procurar

E de tanto reclamar

Já acho que é cosa pouca:

Qualquer bebida me cura;

A silhueta de qualquer figura

Esvoaçando dentro do vestido.

Então guardo sorriso contido

Por sarcasmo ou tristeza,

Posto que, por justeza,

Outras cargas pesam mais.

Só quero acordar mais leve:

Com mais respostas e mais desfechos;

Dentro do próprio eixo;

Com menos agonias;

Pra não desperdiçar energia

Com dilemas fúteis

Ou falas inúteis

E traços de covardia.

Tarcízio
Enviado por Tarcízio em 25/11/2014
Código do texto: T5048551
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