Escuridão...
Quando uma orgia de ideias me chega
Por conta própria...
Irremediavelmente, irracionalmente
Me atropelam dançando,
Numa enorme farra sem ordem alguma
Como um Beltane particular...
Eu as anoto, e as doou ao meu racional
E a ele parece um enorme quebra-cabeças sem sentido...
A lógica se faz fugitiva dali,
Não tem nenhuma ligação com a solução
Só o caos a mim fazer companhia...
A lucidez não tem lugar garantido
__Nunca teve___
E uma explosão de cores sem formas se apossam de meu cognitivo
E as mais inconformadas imagens surgem
Nesse meu arriscado penetrar num mundo
De linhas que subtraio de mim...
E somo as que meu cérebro-retina absorvem
Numa tentativa desesperada de
Me enxergar nesse caos desconhecido e inóspito...
Eu o animal fica satisfeito...
Mas o ser humano sensível não!
Necessito olhar para o alto... Preciso da luz
Para me guiar nesta escuridão de mim...
Ergo então as cortinas dos meus medos
E me lanço as procelas da vida
Como os ventos que sem medo
Do que podem provocar
Só cumprindo sua missão de existir...
E ao passar tão tempestade
Arranca de tantos alheios olhos-imagens
De ideias que formaram de mim
E perco a foto, a roupa que costuraram em meu corpo
De alguém equilibrado, consciente do tempo - espaço
E surge uma pessoa indecisa, insegura, aflita...
Mulher-menina se misturam então
Me torno toda emoção e medo
Perdida numa floresta de ébano e sons estranhos
Buscando um caminho doce...
Que provavelmente os pássaros comeram
Antes que eu chegasse a achar...
Faminta, dilacerada, escarnecida
Desprovida de vida... Sem começo, nem fim...
A olhar-me no espelho
E o espectro que vejo não resumi minha dor
Só condiz com esse momento inglório
Em que perdida de mim
Busco me esconder na solidão
Na tentativa de auxiliar meu olhar perdido... Num futuro?
Não sei, afinal, ainda não tenho respostas
Nem sei se terei...
Depois de tudo, eu ainda nem sei...
Se sobrevivi!