A LUZ

Não sei o que se passa,

apenas o calor e o tremor

a imagem é constante

medito, faço devassa

mas para meu dissabor

respostas em nenhum instante.

Fico pensando no melhor,

no platônico, ideal,

contingências se impôem,

trazem dores ou algo pior,

o imponderável e fatal

resignação sempre me pôe.

Os eflúvios alvissareiros,

alternando vêm e se vão

me atiro ao travesseiro

tentando sonhar então.

Com os dias de amor ansiados,

acordo todo suado,

aos olhos só a escuridão,

dos esforços lavrados em vão.

Buscar, buscar, buscar,

encontrar só um olhar.

No meio da imensidão,

só encontro a solidão.

Alarmes falsos se seguem,

são tantos que fico perdido,

rostos formosos alegres,

faceando um ser iludido.

Renovado com a esperança,

do sorriso suave e profundo,

ora se agita como criança,

ora chora as lágrimas do mundo.

Mas segue à sua busca,

não pode mostrar fraqueza,

a dor tanto ofusca,

nem nunca teve beleza.

A cruz carrega com dor,

sofre sem se delatar,

ainda espera pelo amor,

há tanto a procurar.

Àpenas a Ele se rende,

se curva ao Seu desejo,

apanha, apanha e aprende,

e aguarda por aquele beijo.

Do amor há tanto amado,

solitário, quase sufocado,

escravo do próprio destino,

mas suporta sem desatino.

Emoção à custo contida,

espera ainda nessa vida,

irradiar com esplendor,

a luz de um grande amor.

Cachoeiro, 29/04/00

OneAlone
Enviado por OneAlone em 15/10/2014
Código do texto: T5000604
Classificação de conteúdo: seguro