Solidão

Algo agiganta-se

Não vislumbro a forma

Não sei nem mesmo o nome

Só sei que sufoca-me

E consome.

Em meu desespero

Procuro reagir

E quanto mais debato-me

Mais arraigada estou.

E horas escoam por entre os dedos

O tempo enverga-me a alma

E usurpa meus sonhos.

Diante desse gigante

Vergo-me

Só não sei como não quebro.

Talvez porque eu seja

Nada mais que pedaços

Fragmentos perdidos.

Olho diante o espelho

E já não reconheço

Os traços.

Inebrio-me

Entre uma farsa e outra

A qual sou protagonista

Fadada a carregar esse fardo

Indo e vindo

Mas sempre presa

No ponto de partida.

Vilependiada pela sorte

Ou será pelo destino?

E por mais que eu busque

Incansavelmente uma razão

Não a encontro.

Sinto-me como um passaro

Trancado em uma gaiola

Mas se ganho a liberdade

Para onde voar?

Onde é meu lugar?

Onde esse lugar comum

Que tantos transitam felizes

E eu aqui

Sem porto

Sem ninho.

Só este silêncio

O imenso vazio.

Que suplicia meus dias

Que vara minhas noites.

Insone e sozinho

Eu busco por respostas

As quais ecoam em mim

Orbitam sobre mim

E não encontram respaldo algum.

E eu me pergunto:

Do que realmente adiantou

Toda essa busca incessante

Por algo maior?

Por não querer ser só

Mais um nessa multidão

Encontro me aqui

Só eu e a solidão.

Fabiana Ferreira Lopes
Enviado por Fabiana Ferreira Lopes em 07/09/2014
Reeditado em 26/09/2014
Código do texto: T4952979
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