FUMAÇA
O nada que agora me faz tudo
e que paradoxalmente me constitui
transborda...
Esse vazio que agora me preenche
Cutuca minhas vaidades
acenderia um cigarro, se acaso fumasse,
só para testemunhar a fumaça dissipando o silêncio.
Mas não fumo
mesmo assim
encontro fumaças pelos meandros meus
Nos cantos de minha boca
ele ressoa fino, assobiado
É um sopro esbranquiçado
seguido de fina voz
Parece um lamento de algo que nem sei
ser alguma coisa
o silêncio é tomado por um assobio
primeiro acanhado
depois raivoso
coisa de gente semente
semeando versos
na calada da noite.
(Suerdes Viana)