INGRATA INDIFERENÇA
Eu te cativo na forma deste verso,
Que em sono lindo tento externar,
E durante a noite sempre percebo,
Vejo teus passos tranqüilos a sumir no ar.
Durmo cansada sem ter tua presença
Que com freqüência vive a me sondar
E no repouso canto esta ausência
Atraída pela luz do teu olhar.
Numa cadeia de versos repasso
Nossas frases loucas no alucinado
Desejo desta paixão que encanta.
É no carinho do verso que realço
Horas vividas que trago na lembrança.
Deposito nesta fantasia nosso enlevo,
Na fronteira de teu silêncio cai o pranto
Na ingrata indiferença permaneces
Tal qual esfinge sem desvendar o que
Me encanta.
Nas noites em que dormes sussurro em teus
Ouvidos a imensa afeição que a ti dedico,
Mas permaneces na vil ignorância,
Tão temeroso de se abrir comigo.
Talvez um dia tu voltes a ser gente,
E compreendas através de meu olhar
Que fostes a razão da minha vida,
Mas que um outro ocupou o teu lugar.
CRS 24.04.85