A Gorda
Era o dia em que a gorda abandonaria este sol
Direto para o frio eterno com seus depósitos de proteína.
Ficou linda!
Negras unhas, nenhuma roupa, finda a insulina.
Primeiro reza - as mãos bem unidas
Em seguida cerra as cortinas
Então abre a caixa de bombons
Este é um gesto pequeno e dramático -
Como se fosse emagrecer para sempre.
Esconde-se. Dois lençóis.
Que ainda não eram suficientes...
E pensar que despertara para uma manhã de pães, ovos, queijos e pasta de amendoim -
Até perceber que não havia mais lugar no quarto ou à mesa.
Momentos antes de assinar digitalmente o final do poema
Vestiu o anel de formatura no dedo mínimo que crescera o máximo...
Ficou mesmo linda!
Mais que a manhã fria a anoitecer seu corpo.