A Gorda

Era o dia em que a gorda abandonaria este sol

Direto para o frio eterno com seus depósitos de proteína.

Ficou linda!

Negras unhas, nenhuma roupa, finda a insulina.

Primeiro reza - as mãos bem unidas

Em seguida cerra as cortinas

Então abre a caixa de bombons

Este é um gesto pequeno e dramático -

Como se fosse emagrecer para sempre.

Esconde-se. Dois lençóis.

Que ainda não eram suficientes...

E pensar que despertara para uma manhã de pães, ovos, queijos e pasta de amendoim -

Até perceber que não havia mais lugar no quarto ou à mesa.

Momentos antes de assinar digitalmente o final do poema

Vestiu o anel de formatura no dedo mínimo que crescera o máximo...

Ficou mesmo linda!

Mais que a manhã fria a anoitecer seu corpo.

Claudete Mello
Enviado por Claudete Mello em 27/08/2014
Código do texto: T4939661
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