Sem Convalescença Possível
Estou irremediavelmente perdido na solidão,
Pressinto a morte em mim inerte à espreita,
Os gritos mudos que me percorrem a prisão,
Em que me tornei bem fechada e estreita.
Estou tão longe das ruas cheias de euforia,
Onde se percorrem caminhos sem rumos,
Deixei lá escapar a alegria que se esvaia,
Só me ficaram na memória os desaprumos.
A existência sórdida em que soçobrei,
Recapitulada vezes sem fim nem conta,
Tudo o que sem nexo tolhi e me tornei,
Vazio sem importância ou qualquer monta.
A luz que deslumbrei ao longe nunca me incidiu,
Rastejando na penumbra incógnito desistiu,
A minha pobre alma imaculada afogada em dor,
Hipnotizada não resistiu à modorra nem torpor.
Lisboa, 12-10-2013