O POEMA DO BÊBADO
Ele caminha pela rua larga
com seus passos bambos e incertos,
como quem demarca um terreno irregular,
dizendo:
- aqui tá raso, aqui tá fundo, aqui tá raso, aqui tá fundo...
E o bêbado então cambaleia e cai.
Mas ele se defende: empurra não, fi de uma égua!
Se esforça, senta, começa a cantar uma canção
desconexa entre pausas e soluços,
e lágrimas brotam dos seus olhos foscos.
Eu observo o bêbado e logo uma dúvida
me salta à cabeça:
- Será que ele bebe para esquecer de alguma tristeza
ou será que é para lembrar de alguma alegria?
( Lavinsk Vetter - 2014 )