No Quarto

Odor perceptível e desconfortável

Minha essência visando a matéria,

Repousada sobre uma dor inviolável

Desacredito, luz em miséria

Reflexo de uma vida inteira

Adormecida por tempo indefinido

A presença é a mesma na beira

Que residiu na morada, perdido

Sofrendo isolado deste plano

Do outro lado restando espera

Tempo sem curso ao que exclamo

A mente refém desta esfera

Sem vida, caído à permanência

O corpo desfeito à deficiência

Aguardando o sopro do tempo,

Permaneço a observar, sem paciência

Dormir era sinal de vitalidade

Meus dias não acarretam a idade

Que neste plano vivo em súplica

De que enfim encontre a liberdade

Solidão plena e um vazio existente

Cinzas de memórias do meu infarto

Eu, na morte, presenciava o incidente

Sentado à beira da cama, me sinto farto

Antiga morada, meu próprio corpo

Se decompondo no meu quarto...

Roberto William
Enviado por Roberto William em 15/08/2014
Reeditado em 15/08/2014
Código do texto: T4923503
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