Barcos ao vento

Amanhece, corro para ver o mar,

imensidão vital inunda

meu restrito, finito campo visual,

delicia meu espírito,

apascenta minha ansiedade.

Vejo um universo não virtual,

adjetivá-lo seria erro cabal,

o vernáculo é incapaz,

mas tudo resumo à palavra PAZ.

Brilho estelar de quinta grandeza,

faculta toda vida, essência e natureza,

sopra brisa suave trazendo arrepios,

à flor d´água na qual me sacio.

Sinto seu imenso poder,

faz-me grande por ora,

por outra me aguça viver,

ou me torna ínfimo ser

cuja vida apenas aflora.

Cresce no horizonte um ponto,

antes grande agora pequeno,

vem crescendo e assim como o vento,

se encorpa a cada momento.

O barco ora devolve

a vida nele embarcada,

levada no rumo preciso,

se agita em nova jornada,

açoitado pelo vento cruzado.

Pergunto: porque o homem, então,

abandona o seu mundo cão,

buscando no leito supremo

vida, paz, amor, emoção

e ainda pesca por profissão?

Quando tão só deveria,

pescar sem pensar na vida sombria,

nas questões tão fundamentais,

sobre a vida, o amor e tudo o mais.

E ir tão longe, seguro no cais,

da fé no Ser Superior,

Senhor de todos os mortais

e das provações que nos tras.

Quem sou, o que sou, porque sou,

o que quero, mereço ou não?

Viver em dor ou emoção?

Amar ou solitário ficar?

Perguntas em profusão.

De todos os homens de então,

do passado e futuro também,

agitados no mar universal

vivendo a vida real,

conflito emoção X racional.

O mar se agita e voraz

vai destruindo para reconstruir

os homens e os materiais,

sobrevivem os espíritos, imortais.

Vivemos vida nessa eternidade,

dos mundos em sucessão,

perdidos dentro de nós mesmos,

incapazes de achar solução,

aos pedidos do coração.

Queremos amar, amar e amar,

viver, sentir e sonhar,

com a vida melhor para todos,

nos doar ao espírito igual

ao nosso em ideal.

Vivemos tal qual barco no mar,

oscilando em todo lugar,

sujeitos à brisa e ao tormento,

sujeitos do amor e do lamento.

O tempo vai continuar seu caminho

e entre as idas e vindas dos barcos,

as respostas certamente advirão,

suaves como o vento em brisa...

avassaladoras como o vento em furacão.

One Alone

Vila Velha-ES, 14/02/2002

OneAlone
Enviado por OneAlone em 08/08/2014
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