Vestígio
Que dia é esse tão cinza e chuvoso como uma metáfora da minha alma?
por entre palavras e silêncios sigo caminhando tropeçando em meus paralelepípedos,
talvez esteja confundindo minha própria confusão com passados que jazem em cemitérios de tristezas e incertezas,
e em cada suspiro melancólico seu rosto vem à minha mente,
talvez eu esteja delirando em alguma febre de sentidos insanos,
talvez eu seja um gato perdido em um telhado de zinco molhado,
escorregando em escolhas e despedidas jamais concretizadas...
Que tarde é essa quando as águas continuam a cair do céu?
um dilúvio de climas, lágrimas e correntezas que seguem o rumo do infinito,
enquanto afogo minhas memórias em esquecimentos forçados,
alentos para uma alma machucada pela ventania do tempo,
grito no escuro de meus medos nunca vencidos as esperanças deixadas de lado,
aguardando as estrelas da noite para acompanharem minha solidão latente,
tentando fechar meus olhos em um sono sem sonhos com você...
Que noite é essa que desperta o alarme de um relógio fora de hora?
tateio pela casa em busca de uma lanterna que me indique uma direção,
mas tudo que encontro são sombras brincando de platonismos na caverna,
fazendo de minhas angústias dramas sociais aprisionados em minha individualidade,
debochando de minha insistência em ainda acreditar no vazio,
quando tudo muda e nada fica igual, assim o espelho me sorri tristemente,
e eu sou só o vestígio de uma maldição não-quebrada em lendas adormecidas...