Consumido
Estou sendo devorado pelas noites, pela casualidade dos encontros, nas indefinidas horas de solidão. Estou sendo perturbado pelo amanhã, pelas virtudes expostas em bandejas, nas furtivas sombras andejas que lentamente entram em minha cidadela, sem portas, sem barreiras, sem janelas. Estou sendo despido pela mágoa, pelos profetas profanos que seviciam minha privacidade engolindo minhas promessas fruitivas. Estou em meio a desenganos, fluidos ares congestionados, famintos de liberdade. Estou sendo detido pelas grades enferrujadas, pelo tempo deterioradas. Estou sendo coagido pelas danças, pela extorsão da honra, pelo gosto infamante das orgias, nos resíduos petrificados da noite. Estou sendo repouso dos desajustados, sem ter meu próprio repouso, o berço para o fim dos meus dias.