O Fantoche
O fantoche que vive em mim desapontado,
Numa casa de bonecos acorrentados,
Escondidos num sótão mal iluminado,
Cansados de fingir serem afortunados.
O fantoche que um dia ousou sonhar,
Ser um ser tão real como um menino,
Ingénuo e imaturo no seu brincar,
Julgado pelo seu representar genuíno.
O fantoche que desbotou amarrotado,
Cheio de enfado sorriu pela última vez,
Foi posto à parte em repouso abandonado,
Ficou indefeso, exilado na sua invalidez.
O fantoche desterrado nas memórias,
Cheias de sons e músicas lamentosas,
Que ecoavam no vazio das solitárias,
Em que as noites vingaram majestosas.
Lisboa, 21-9-2013