O Fantoche

O fantoche que vive em mim desapontado,

Numa casa de bonecos acorrentados,

Escondidos num sótão mal iluminado,

Cansados de fingir serem afortunados.

O fantoche que um dia ousou sonhar,

Ser um ser tão real como um menino,

Ingénuo e imaturo no seu brincar,

Julgado pelo seu representar genuíno.

O fantoche que desbotou amarrotado,

Cheio de enfado sorriu pela última vez,

Foi posto à parte em repouso abandonado,

Ficou indefeso, exilado na sua invalidez.

O fantoche desterrado nas memórias,

Cheias de sons e músicas lamentosas,

Que ecoavam no vazio das solitárias,

Em que as noites vingaram majestosas.

Lisboa, 21-9-2013

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 30/07/2014
Código do texto: T4902870
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