dadaísta

meu amor dadaísta

joga dardos em cima de tudo

fere sentimentos

insulta os deuses

blasfema

meu amor dadaísta

pisa solenemente

sobre os egos

e ri.

é sádico

no cordel mágico

dos gestos interpretados

a semântica múltipla

das palavras

meu amor dadaísta

é viciado em metafísica

em metalinguagem

em metáforas

e paradoxos

gosta de ser cacófago

gosta de ser engraçado

quando é apenas chulo

e na seta encravada dos

pensamentos

resta vestígio de ferida

não cicatrizada

um cancer latente

um útero que não se tem

a gerar idéias loucas

como fugir

como desaparecer

no brilho da purpurina

no brilho do verniz

dos sapatos

e no simples apagar

das luzes

faz-se noite no dadaismo

e graça e a melancolia

escorrem pela parede

gritando por almas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/05/2007
Código do texto: T490171
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