dadaísta
meu amor dadaísta
joga dardos em cima de tudo
fere sentimentos
insulta os deuses
blasfema
meu amor dadaísta
pisa solenemente
sobre os egos
e ri.
é sádico
no cordel mágico
dos gestos interpretados
a semântica múltipla
das palavras
meu amor dadaísta
é viciado em metafísica
em metalinguagem
em metáforas
e paradoxos
gosta de ser cacófago
gosta de ser engraçado
quando é apenas chulo
e na seta encravada dos
pensamentos
resta vestígio de ferida
não cicatrizada
um cancer latente
um útero que não se tem
a gerar idéias loucas
como fugir
como desaparecer
no brilho da purpurina
no brilho do verniz
dos sapatos
e no simples apagar
das luzes
faz-se noite no dadaismo
e graça e a melancolia
escorrem pela parede
gritando por almas.