Estróina
Há vida atrás das grades
Uma mãe que chora
Um filho que implora
Pela droga
Há vida na favela
A casa que não se tem
A comida que faz bem
Há esperança na doença
A dor de que não vê
A cor do breu que jazeu
O odor da desesperança
Há saber na escola
A criança que alcança
A felicidade na sua ignorância
Há alegria na pinga
O homem que se incha
No líquido que destila
O corpo que pede
A delícia, a vida que engole
Há quem diga:
Agora, chegou a hora
Vamos todos embora
Para um mundo melhor
Chega de dor e desamor
Para encontrar, quem sabe
O meu outro na noite cárcere.