Trilhas da Solidão


Pouco entendo de mim,
Talvez saiba até demais,
E queira então desconhecer.
Como ocultar-se de si?
Como fugir de si
Se existir é o próprio encontro consigo?
Exausto de almejar, o pouco querer poderia aliviar.
Cansado de existir, o repouso pareceria sagrado.
Mas como repousar no leito de inquietude?
Qual é essa paz oculta?
Qual é essa liberdade que assombra?
Nos limites, os polos parecem tão próximos.
Fogo brando, calor que toca a face.
Frio da alma, e coração pulsa lento.
Pressões do mundo, depressões do eu.
Todo céu noturno é encanto,
É cenário irreal a deslumbrar a visão.
Não se trata de olhar, mas de sentir.
E coração é todo o corpo.
E a voz é silêncio cheio de música,
Pois o som não diz, mas dá asas.
Ser e infinito são tão distantes.
E é por toda a limitação o anseio do ilimitado.
É o não existir que movimenta a realidade.
O fugitivo não sabe do que foge,
O que se encontra não quer encontro,
Dialética perdida numa contraposição,
Pois que a síntese de tudo já disse o poeta:
É ser ou não ser.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 21/07/2014
Reeditado em 04/04/2020
Código do texto: T4890287
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