Naufrágio da Alma
Quando meu nada é tudo
pois sou eu quem habita este mundo
vago de tão concreto, branco por ser imundo,
contrário às lógicas embora nada ter de absurdo.
Mundo ordinário desordenado
a sétima face de um só dado,
apocalipse de amores deixados de lado
mentira revelada, segredo guardado.
Dores infinitas de terras findas
alegrias em gris de tristezas coloridas
sonhos perdidos por labirintos sem saída
último passo fadário à morte, que é a vida.
E, Vida, quem me jogou rumo a ti?
Por que me permites ficar, se fugir
é o que mais quero, inclusive de mim?
Desde que nasci, daquele momento e a partir...
Sou eu, fiz-me homem e ilha
olhos nublados de azul a contemplar a solidão
navio fraco sem coragem de dar partida
sem jamais ancorar, rumo à imensidão...