Até Quando I
Chorar sem cessar no teu jardim velado,
Onde perduram as recordações perdidas,
Do meu vazio coração só e despedaçado,
Para sempre soltas ao tempo e largadas.
Deixar camuflar os grandes espaços impolutos,
Onde sabiamente nasceram todas as dúvidas,
Que nos preencheram o âmago dos espíritos,
Para no fim sucumbirem num toque de Midas.
Pousar na exuberante tela pintada de mofo,
Onde as figuras pintadas de vida jazem,
Na obscuridade do definhamento espectral,
Para toda a eternidade bisam indeferidas.
Extravasar a melancolia no desencanto do olhar,
Onde pairam as sombras ocas desalinhadas,
Que pululam calcando o meu ébrio imaginário,
Que torturam e apagam o meu discernir cansado.
Lisboa, 16-8-2013