SOLIDÃO

Nada, além da solidão,

Deixa o homem tão pensativo

Ao ponto de torná-lo sábio.

...

Aos inseridos nas trevas,

Solitários e amargos,

Ergam uma taça de vinho comemorando suas dores,

E riam como hienas das suas lágrimas e clamores,

Pois todos nós somos usurpadores

De tudo quanto é desgraça.

Como é bonito ver e ao mesmo tempo odiar

Quem vai pelas ruas a sorrir,

Com uma vida amarga e dura,

Passeiam atuando calma,

Vomitando um ar sem culpa,

Tentando um mundo colorido

Longe de ódio e desgraça.

Mas os que planejam chacinas,

Os que no obscuro caminham,

Os que as trevas consomem

Lentamente no fogo infernal,

Aos psicopatas soturnos

Que convivem com a loucura,

Ergamos uma taça de vinho

Para comemorar todo mal!

E como a solidão é a única a desvendar as lacunas

Do negro abismo satânico

De ritos e sonoridade aguçada,

De cores frias e amargas

Tiradas de corpos languentes,

Ela contempla nosso quadro demente

E zomba de nossas desgraças!