Meu eterno grito
(...)
preciso de silêncios
desses que se tangem
e se alastram em folhas secas
como se um vento me varresse
... num sussurro de algum galho
apenas desse instante
que me ocorresse a mudez
como se a minha boca entreabrisse
querendo o rarefeito...
preciso de silêncios
dessa forma acalentadora
de acariciar-me sobre o peito
absorvendo todo o efeito
(...) revelando-se a essência
de querer-me por perto
ainda que me disfarce
de algum grito aprisionado
e depois relutasse ferozmente
até perder tamanho fôlego
a esconder-me na intimidade
que me delata sem ter a chance
de silenciar-me ...
preciso então desse grito
por para fora toda a ladradura
como só os cães me sabem
e só os gatos me alisam
no meu eterno grito