Meu eterno grito

(...)

preciso de silêncios

desses que se tangem

e se alastram em folhas secas

como se um vento me varresse

... num sussurro de algum galho

apenas desse instante

que me ocorresse a mudez

como se a minha boca entreabrisse

querendo o rarefeito...

preciso de silêncios

dessa forma acalentadora

de acariciar-me sobre o peito

absorvendo todo o efeito

(...) revelando-se a essência

de querer-me por perto

ainda que me disfarce

de algum grito aprisionado

e depois relutasse ferozmente

até perder tamanho fôlego

a esconder-me na intimidade

que me delata sem ter a chance

de silenciar-me ...

preciso então desse grito

por para fora toda a ladradura

como só os cães me sabem

e só os gatos me alisam

no meu eterno grito

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 07/07/2014
Código do texto: T4873489
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