PÉS FERIDOS
Esperar, quando o sol está se pondo,
As horas passando,
O dia acabando.
Esperar, enquanto a lua míngua cada vez mais,
A esperança com um sopro se desfaz,
E a dor aumenta.
Caminhar, descalço com os pés feridos,
Tropeçando em pedras,
Perdendo sangue pelo caminho.
Caminhar, sem força nem para permanecer de pé,
Vomitando a alma,
Abandonando os sonhos.
Esperar ou caminhar?
Não há mais nada a perder?
Há cura para esta dor?
Sonhar, com os dias em que voava sem medo de cair,
Quando a chuva de verão podia me molhar,
E o sorriso era leve.
Recordar, dos tempos em que as lutas eram pontes para as glórias,
Quando o abraço bastava para acalmar,
E nas palavras se podia acreditar.
Tentar, ressuscitar os desejos desgastados,
Fazendo de outro jeito que permita acertar,
Vivendo para ver um novo dia amanhecer.