Rendição

Alto, um rosto sobre o cume

esquecido nas rupturas.

Alto, um rosto que resume

Os convites das alturas

Desolados, lábios cítricos:

Um palácio se desdobra

Pelo vento. O colo lírico

Resguardava-se nas sobras

Da cadeira, quanto charme!

Ah! Que obra... meu amor

Não te mates, nem desarme

As falanges pela dor

Dos acústicos, nem leia

Coisa alguma dos retratos...

Esses olhos, qual areia,

A correr pelos contatos!

Oh! Lírio, mãos no oceano,

Nos anseios e nos búzios:

Diga às náiades dos panos

Que choraste e, alva, use-os

Pelos cantos das mobílias.

Choras alto, sobre o cume

Das conversas, sobre as ilhas

Que encontraste em teu negrume!

Teu pudor, luminescente,

Disse: é morta a carnadura!

Boca em frêmitos, ais quentes

Flor de cinzas: ruptura!

Peito raso, verte a nódoa

Das algemas... Lança o pente

Aos cabelos e do pó

doa flâmulas à mente

Louca espádua, ignoto lance,

Mãos compridas: " Eu te insisto"

Diga breve: Não me alcance...

"Do teu luto, algoz, desisto!"

Alto, um rosto sobre o cume

Esquecido nas rupturas.

Alto, um rosto que resume

Os convites das alturas

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 02/07/2014
Reeditado em 19/01/2015
Código do texto: T4866428
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