Aquela melancolia
Hoje a melancolia me bateu
– quase terna, repentina...
Bem triste, um pouco fria
e nada fina.
Só bem vestida,
aquela mesma melancolia.
Há muito já não via tuas vestes...
Tua face dura,
languida, sem censura,
me vestindo como bem veste
uma boa peste.
Hoje ela me roubou a cena:
dançou comigo
sem estender a mão.
Melancolia de terno
– rude e obscena –
que se apavora sempre
ao me ver indo na contra mão.
Hoje a melancolia me bateu
– quase terna, repentina...
Há tanto tempo já não me vestia,
esqueci até que era minha
aquela mesma melancolia...
É minha sina.