A COVARDE E O VENTO
Cortam-me, despedaçam-me, mas não veem
Passo a passo. Viela a viela.
Continuo de pé, mas não inteira.
Dói!
Porém, não há quem escute meu grito
Cure minhas feridas e que me livre de mim
Sinto um longo bisturi a rasgar minha alma
Sem anestésico. Sem pausas. Sem alívio
Só dor, desespero, dor e medo.
Sou toda feita de retalhos que sangram, e sinto.
Sinto o cheiro ocre e pútrido dos meus sonhos aos meus pés
Continuar? Para quê e por quê?
Não faz sentido!
Queria não mais ser, ter ou ver
Mas quem disse? Sou covarde!
Eu não insisto, apenas vejo o tempo fustigando o galho que me assento
Por que descer dele?
As flores são dadas aos heróis e aos covardes
Então, hei de tê-las de qualquer jeito.
Sufoco-me, perco-me, mas não ouso
Sangro, grito, não vivo, mas não luto
Retalhos sou, do que já fui e do que fizeram.
Só não sou retalho da coragem, pois continuo atada ao galho
E o vento, continua meu sempre presente algoz.