A COVARDE E O VENTO

Cortam-me, despedaçam-me, mas não veem

Passo a passo. Viela a viela.

Continuo de pé, mas não inteira.

Dói!

Porém, não há quem escute meu grito

Cure minhas feridas e que me livre de mim

Sinto um longo bisturi a rasgar minha alma

Sem anestésico. Sem pausas. Sem alívio

Só dor, desespero, dor e medo.

Sou toda feita de retalhos que sangram, e sinto.

Sinto o cheiro ocre e pútrido dos meus sonhos aos meus pés

Continuar? Para quê e por quê?

Não faz sentido!

Queria não mais ser, ter ou ver

Mas quem disse? Sou covarde!

Eu não insisto, apenas vejo o tempo fustigando o galho que me assento

Por que descer dele?

As flores são dadas aos heróis e aos covardes

Então, hei de tê-las de qualquer jeito.

Sufoco-me, perco-me, mas não ouso

Sangro, grito, não vivo, mas não luto

Retalhos sou, do que já fui e do que fizeram.

Só não sou retalho da coragem, pois continuo atada ao galho

E o vento, continua meu sempre presente algoz.

Deborah Mahara
Enviado por Deborah Mahara em 14/06/2014
Código do texto: T4844702
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