CAMINHOS DA SOLIDÃO

Enfrentei o frio, a chuva e também geada,
caminhei tantas vezes pela madrugada,
por muitas noites, com as estrelas do céu...
Uma via sem flores,uma via tão deserta,
carregando no ombro a minha coberta,
que resumia num amontoado de papel...

Em primavera ou verão,
pedindo um pedaço de pão,
ou, uma moeda no chapéu...

Frequentei esse mundo dos desenganos,
quando minhas roupas eram rasgados panos,
que encontrava, pelos caminhos que andei...
Conhecí o lugar onde nasceu o desgosto,
sentí, quando não tive nada para secar o rosto,
um dia, numa tarde, que de solidão chorei...

Nesse mundo de dores,
não nasceram flores,
nos lugares que pisei...

Fui sempre, um símbolo vivo do abandono,
fui a primeira folha que caiu no outono,
fui um ser humano que a vida nunca quiz...
Um viver marcado somente por declive,
de fome, pelo alimento que nunca  tive,
um mundo de tristeza, desprezo, fui infeliz...

Posso reclamar da vida,
ela não terá despedida,
paguei pelo que não fiz...

 
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 05/06/2014
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