Por tudo que for
O barco que se foi carregou comigo
Finjo que estou aqui pra ninguém me ver
Não sou nada, nem sequer um fugitivo
Encenando uma história que ninguém vai ler
Sou só o pó da poeira que alguém varreu
Cada pedaço do que fui se foi com o vento
Nos cantos do mundo sem mim tudo aconteceu
Aqui onde fiquei não sobrou nenhum lamento
Se fui um dia nem sequer me contaram
Só a sede, a fome, o descaso aqui amanheceu
Passei por passar nessa estrada que invadi
Fui apenas mais um grileiro, sem teto, sem jeito
Mendigando o carinho, o amor que não era meu
E durante a minha fuga bizarra e sem noção
Carrego as migalhas e retalhos do que juntei
Para aumentar as velas da minha embarcação
Assim consigo ir mais longe e mais além
Deixo no cais minha alma de mim arrancada
Vou singrando pelo mundo na sua vastidão
Sendo mais um corsário em busca de nada.