a areia, o mar e o sol assistem minha solidão

eu sento na areia da praia

e vejo o mar

e ouço o mar

permito-me relaxar

eu olho ao redor e não há ninguém

praia desabitada

praia abandonada

e nesta imensidão abandonada e desabitada

cá estou eu

fugido da civilização

cansado da civilização nada civilizada

com os olhos cansados

com a mente cansada

desgastado em muitos aspectos

estou sozinho

e a solidão me dói

eu fugi, eu saí de cena

deixei os amigos

deixei os problemas

deixei tudo, tudinho

joguei pro alto e saí de baixo

para que nada caísse novamente sobre mim

fiz estes versos sem nexo

sem vontade

forçado

amargurado

e só

sozinho

debaixo de um solzinho

de alguns muitos graus

talvez eu morra queimado pelo sol

sozinho

nessa praia desabitada e abandonada

sozinho

sem velório, sem homenagens, sem despedidas

sozinho

e em seguida terei a companhia dos abutres

que devorarão meus restos

e as areias e o vento se encarregarão

de realizar o enterro

de pelo menos minha ossada

minha podre e pobre ossada

que testemunhou minha solidão

diante do mar

e minha morte lenta e dolorida

assistida pela natureza

fugi de tudo e de todos

sozinho

sozinho

sozinho

ter um coração, nessas horas, não ajuda muito. dói.

Daniel Matos
Enviado por Daniel Matos em 04/05/2014
Código do texto: T4793840
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