Tatuagem
Por quê
Tem que ser assim,
Se na tarde
De primavera
Com tantas flores
Odores de dois botões,
Bastões de roseiras
Se vão assim,
Pelas águas nobres
Do choro que caí
Suplantar mágoas
Que há em mim,
Lágrimas de flores
Em olores que vem
A esse jardim,
Como inconsequência
Do vento
Que pelo tempo
Vem e me traz
Numa longa sequência
O inegável perfume...
Penso sejas tu
Que vens e se faz
Adormecer na falsa alegria!
Tamanha dúvida
Que entorpece
O sentido da razão,
Do coração moribundo,
Meio morto, sem paz,
Pelas plagas
Do vasto campo da vida
Numa só tatuagem...
-Te odeio!
Nuvem no firmamento
Escrito desenrolado,
Mágoas gravadas
Em pele de fel,
A cor que enaltece
Todo o meu sofrimento
É logotipo dessa vida,
Com o fogo do teu tipo
De artista sem papel,
De característica
Sem fundamento,
Mensagem que não explica,
Nem dá uma versão,
Apenas complica,
Consequências de atos
Fatos que se misturam
Num só pensamento
Que se multiplica
Com todos os medos
Da insegurança,
Fenece a esperança
Que se perde,
Arde na dor
Dos atos de cada dia
Vividos junto a ti...
Estaria a imagem
Dos dois botões
De rosas esquecidos,
Tatuados unicamente
No meu coração?
Eis o porquê do poema
Que ora escrevo...
-Ainda te amo!
Valdir Merege Rodrigues