Da solidão
Da solidão
Solidão, mãe de todas as dores,
se faz chegada em cada entardecer.
Infinitos são os murmúrios
que fazem perder o prumo,
e em cada aurora,
fôlego pro mesmo círculo,
coragem pro mesmo abismo,
forças pra sobreviver
às horas que se arrastam
e à vida, lida tortuosa.
Em cada folha que cai, jaz o desprezo.
No solo seco se decompõe,
é o que tu vês...
Não percebes que em teu tempo
ainda há flores, há vidas,
ventos entrelaçados,
destros em movimentos.
Achas que é sempre tarde,
e cedo esmoreces,
cegas para os caminhos.
Recusa-te a seguir,
te prostras na dor,
Preferes caminhar sozinho...
Deita-te ao colo da mãe Solidão
e é ela quem te acolhe
e com desdém te consola
nos braços da ilusão.
Inquieto, inerte e vazio,
deixas a vida passar,
e em nada ou em tudo há razão;
Ante o mal te assole
e a solidão te carcoma...
É preciso que reajas,
que morras a cada madrugada,
que quebres as resistências
que rompas os muros da redoma,
que renasças em cada alvorecer,
que vivas a cada segundo,
sinta os minutos e as horas,
que vivas dia após dia
que embarques na breve vida.
Que mesmo estando sozinho
se sinta em boa companhia.
.
Beto Acioli
05/04/2014