Ser o outro
Despertencer-se
Abandonar as vestes e as convicções
Tirar os anéis.
Um por um.
Livrar-se do peso do metal.
Do status do anel de grau.
Ser o outro.
Uma mão na taça se vinho
e outra mão no sangue tinto.
A manchar a consciência
impregnada de autopiedade.
Ser o outro.
Batizar-se de nomes e alcunhas
estranhas.
Conceber-se em entranhas
estranhas.
Alienígenas.
Nascer e morrer no inesperado
lugar e no
imprevisível momento.
Talvez tivesse outra estória.
Talvez escrevesse outra poesia
sem rimas e nem lirismo.
Talvez atravessasse as ruas
do abismo.
E encontrasse outro caminho.
Ou a inércia da filosofia.
Rastros de quem já passou.
Legados esquecidos.
Inclinações abandonadas e
empacotadas ao acaso.
Ser o outro.
Conhecer novos e outros afetos.
Ou os mesmos afetos recondicionados.
Ou transcrever a mesma fórmula
apesar de obter resultados
semelhantemente diferentes.
A circunferência perderia o arco.
A reta perderia o vetor.
As palavras órfãs
perderiam a semântica.
E, na cartilha inédita
editaria novo vocabulário.
Novos signos.
Novas moedas.
Novas trocas.
Enfim, relações inusitadamente frescas
numa realidade requentada.
Fumaça de giz.
Microondas de calor invisível.
O outono talvez pudesse me
trazer novas folhas,
novas quedas e frutos.
Num germinar estranho e
colorido.
Talves trouxesse novos absurdos.
Ser o outro
E não ser o eu apenas refletido.
Ser o reflexo do reflexo,
côncavo e convexo.
A se encontrar turvo
nos olhos sem retina.
Ser o outro.
Ameaçar-se.
Curvar-se diante de reis e rainhas.
E conhecer a nobreza incidental,
as cortesãs e as lendas.
Ser o outro.
No emaranhado intenso
de correlações
de Ser e Ter.
Ter o dom de ser
apenas de vez em quando.
Ou ser enquanto...
Para enganar a eternidade
com a magia do teatro
e da antropofagia.
Ser o outro
e finalmente, esvaziar-se
ter a plenitude do céu da boca
derramando-se
numa constelação embutida
desenhada apenas por
astros cadentes e solitários.
Despertencer-se
Abandonar as vestes e as convicções
Tirar os anéis.
Um por um.
Livrar-se do peso do metal.
Do status do anel de grau.
Ser o outro.
Uma mão na taça se vinho
e outra mão no sangue tinto.
A manchar a consciência
impregnada de autopiedade.
Ser o outro.
Batizar-se de nomes e alcunhas
estranhas.
Conceber-se em entranhas
estranhas.
Alienígenas.
Nascer e morrer no inesperado
lugar e no
imprevisível momento.
Talvez tivesse outra estória.
Talvez escrevesse outra poesia
sem rimas e nem lirismo.
Talvez atravessasse as ruas
do abismo.
E encontrasse outro caminho.
Ou a inércia da filosofia.
Rastros de quem já passou.
Legados esquecidos.
Inclinações abandonadas e
empacotadas ao acaso.
Ser o outro.
Conhecer novos e outros afetos.
Ou os mesmos afetos recondicionados.
Ou transcrever a mesma fórmula
apesar de obter resultados
semelhantemente diferentes.
A circunferência perderia o arco.
A reta perderia o vetor.
As palavras órfãs
perderiam a semântica.
E, na cartilha inédita
editaria novo vocabulário.
Novos signos.
Novas moedas.
Novas trocas.
Enfim, relações inusitadamente frescas
numa realidade requentada.
Fumaça de giz.
Microondas de calor invisível.
O outono talvez pudesse me
trazer novas folhas,
novas quedas e frutos.
Num germinar estranho e
colorido.
Talves trouxesse novos absurdos.
Ser o outro
E não ser o eu apenas refletido.
Ser o reflexo do reflexo,
côncavo e convexo.
A se encontrar turvo
nos olhos sem retina.
Ser o outro.
Ameaçar-se.
Curvar-se diante de reis e rainhas.
E conhecer a nobreza incidental,
as cortesãs e as lendas.
Ser o outro.
No emaranhado intenso
de correlações
de Ser e Ter.
Ter o dom de ser
apenas de vez em quando.
Ou ser enquanto...
Para enganar a eternidade
com a magia do teatro
e da antropofagia.
Ser o outro
e finalmente, esvaziar-se
ter a plenitude do céu da boca
derramando-se
numa constelação embutida
desenhada apenas por
astros cadentes e solitários.