Um homem de preto

Vê aquele cara sentando no fundo do ônibus

Vê suas expressões sérias e seu rosto triste

Acho que sua cabeça é um universo paralelo

E a paisagem da janela são como os anos passando

Dentro do ônibus, cada esquina é o passado

E em seu universo, distante dessa nossa via Láctea

ele é o único que abita

Mesmo que de vez em quando frequente essas ruas de inverno

vestindo um casacão preto

Vê aquele cara com vestes moribundas e cabelos bagunçados

dobrando a rua da Saudade

Acho que ele quase não fala

Isso porque nunca consegue traduzir seus pensamentos

Acho que por culpa daquela moça que um dia visitou seu universo

e mudou todas as gavetas de lugar

Vê aquele cara solitário com olhar sonhador

que vagueia pela cidade a noite

carregando consigo um vinho barato

Acho que para ele os dias são como poemas

Guardados numa caixa velha,escritos á mão em uma folha de caderno

Lidos em um dia de verão, daqui ha uns 10 anos ou mais