luz amarela
*
moribundo como os vadios q habitam a madrugada,
ando lentamente enquanto o silêncio das paredes frias me ensurdece.
à noite tudo parece mais doído — nas sombras habitam os gemidos.
q nem sempre são de gozo.
a luz amarela piscando no poste curvo da esquina, deixa tudo ainda mais cenográfico.
e já não sei pelo q procuro. quando levantei procurava teu corpo nu.
mas agora, depois de horas, talvez mesmo até dias, já não sei.
continuo a andar pelos corredores solitários daqui de casa.
ainda q os conheça de olhos fechados, parecem por demais novos.
a novidade passou a me assustar. talvez meu espírito esteja velho demais.
ainda procuro por algo.
desforro a cama. avesso fronhas. rasgo travesseiros. viro o colchão,
à procura do teu cheiro. mas ele se vai lentamente. se perde.
talvez deva te esquecer. assim como se deve ser feito. assim como sempre devo fazer.
talvez te esqueça,
assim q tuas marcas saírem do meu corpo.
*