enrubesce
*
com sobrancelhas hasteadas e dando de ombros,
me encontrei este fim de tarde.
o sol, q luta inutilmente para não se pôr,
enrubesce o piso branco da sala.
o único momento de nossos dias de verão
em q a temperatura é suportável.
preparo-me para a chegada da noite quente.
certamente suarei até pelos olhos.
inda assim permaneço imóvel afundado na poltrona da ante sala.
*
o sol finalmente desistiu de lutar.
vermelho de raiva e vergonha,
se escondeu por trás das colinas.
a lua não reina no céu de breu.
as estrelas, suas maledicentes servas,
se esconderam de medo.
o vermelho da ponta dos cigarros,
toda luz q me resta.
levando a meus pulmões
o ardor de minhas noites de solidões.
*