Viagens de mim

Viagens de mim

Lancem-me num foguete, pelo infinito

Pelo que eu não vejo, pelo que somente imagino

E que lá me deixem só, entre o vácuo

Entre vãos, estrelas e galáxias, eu me acho

Detesto esse clima de negação, essa contrariedade

Esse puxar da gravidade sem minha vontade

Quero ser livre, seguir meus passos, cravar bandeiras

Na Lua, em Marte, desafiar o Sol, nunca é tarde

E aportando aqui tudo são poeiras de estrelas

Chãos de giz, fico entre galáxias e constelações

Perdido na imensidão sinto-me livre, aqui sim

Posso me jogar e não cair, flutuarei penas

Quanta coisa me lembra a Terra, o escuro

O calor tão intenso que faz aqui, ainda estou sol

Irradiando raios, decorando telas em preto

Colorindo meu próprio espaço

E aqui só viria quem quisesse, éramos eu e só

Talvez fosse possível combater meus egos, rei

Que agora sou, tirano de galáxias, nomeio tudo

E todos pedem silenciosamente meu impeachment

Em dias de festa lanço auroras a minha terra,

Cintilantes arco-íris a brilhar, aqui em cima

Tudo é meu, deixo pegadas esmaecidas

Em pedregulhos de meu próprio luar

E quando quero faço chover, explodem planetas

Envio cometas, estrelas candentes com sonhos meus

Trovejo raivas passageiras, deixo no ar camadas

De amor, esperança, solidão, choro chuva nas estrelas

Gabriel Amorim 23/02/2014