Sagrada Solidão
Sagrada solidão
sacrossanta solidão
Ironia como sempre a poesia se coloca para ti
engraçado como é habito vivenciar-lhe
Muda e silenciosa, mudo destino
olvidado, renegado, esquecido.
Tu és inócua e bela
destino o qual acalenta e não nega.
Singela, ouvi-te na profundeza da ira
sentir-te na comoção da tristeza
guarda, toma, torna negra a vida.
Há momentos que senti-la,
porém, é desejável; é culpável sempre estar sob sua beleza
culpado é o que não busca escapar de sua lida.
Sagrada solidão
Mas escapar? Escapar como?
Mudar como se age perante os outros pode ser uma saída.
Mas não até o ponto de perder-se no labirinto do outro.
O outro não é você, ele nunca viverá a sua vida.
Viver, conviver com o outro é a forma desta vida.
O outro não é o outro: ele é seu próximo
seu amigo, um mendigo, sua amada, seu pai, sua inimiga
ainda assim, o próximo que constrói este tórrido,
cândido, belo, insosso, e sofrível mundo.
Esse todo que fazemos parte, a natureza a qual somos
mesmo que na profundidade do taciturno,
imersos na solidão clara, brilhante: um grilhão
o qual impede de gritar... oras, grite! Gritar é a forma de espalhar o som
dos quais desejam mais, além da solidão...
O Vivenciar da vida plena.