Desencontro.
Volto ao mesmo lugar,
já não é uma rotina diária.
É a saudade saliente crescente,
em cada cantinho que sinto você.
Angustia num barco que vem do mar,
aos olhos da mulher que espera no cais.
Nada mais doloroso que esta saudade,
a ausência do perfume que exalava,
no jardim onde morreu uma flor.
Sem o néctar vaga o beija-flor,
para longe do meu quintal.
No varal apenas solidão.
Se não bastasse a ausência sentida,
vêm estas lembranças amorosas,
contidas em pequenos saquês,
dispostos junto da parede.
Ali amarelou a sua foto,
corroída pelo tempo.
Ainda sonha na esperança,
que alimente o sofrido coração,
que nunca entendeu o abandono.
Com as mãos juntas suplica ao céu,
com uma poesia em feitio de oração.
Uma lágrima cobre o rosto como um véu.
Apenas uma inspiração.
Toninho.
22/01/2014.