Em meu avesso/ Insone
Em meu avesso
Sorrateira, pagina o meu oculto,
revira minhas gavetas aparentemente vazias...
Sem que perceba, lê-me e me decifra
pelo que enxerga além das suas retinas .
Adentra os labirintos estreitos e obscuros da minha alma,
atravessa, entre intempéries, os meus desertos
e eis que encontra as chaves do meu ser.
Há lixos guardados em mim e que precisam de remoção,
emoções reprimidas e sonhos estacionados
que formam um pretérito de marcas,
feridas ainda abertas,
que refletem no cinzento presente de dor
e que impossibilitam a visão do horizonte.
Com zelo e apreço, entra em minha vida,
acalma a borrasca, trata minhas feridas, cura minhas dores
e se faz , ao largo, a dona dos meus sentimentos.
Beto Acioli
13/08/2013
Insone
Chove em meu peito
a dor de não poder chorar...
A cada vez que me deito
me intrigam os travesseiros
e em meus porões estou preso em mim.
Rumino as horas doutrora vividas,
calado vomito os instantes de dor...
Uma distante luz
bem além do além eu tento alcançar...
Aos solavancos rasgo meu peito...
Não ser infeliz é o meu intento.
Busco a razão,
ponho a minha vida num tabuleiro.
Precito é esse jogo, uma vã ilusão...
As peças não encaixam
pois as faltam em mim.
Desatinado, sofro em meu leito
e assim, em desespero, espero um sol
pra que esse tormento,
que é de escuridão,
cedo chegue ao fim.
Beto Acioli
26/08/2013