solidão pálida

solidão sai do meu quarto

vestida de luto

atravessa a sala,

vai até à cozinha

e pára.

solidão entra distraída no quarto dos livors

e se esconde nas prateleira

e se expande pelas janelas

que escurecem os dias,

fechadas a espreitada do silêncio

a solidão dos pássaros

que nãocantam

piam apenas tímidos

na saudade de um eco

solidão da mão tropega,

de pernas bambas,

de duplos pés esquerdos

que teimam em tropeçar ante

o abismo.

solidão

do soluço em meio ao deserto

solidão dos olhos vendados

que insistem em ver a solidão alheia

solidão de mãos eternamente atadas

e que qurem desatar todos os nós

solidão dos lábios cianóticos

sem, ar,

da lágrima contida no

último canto do olho

solidão do sorriso enigmático da monalisa

que perpetua o enigma,

solidão em estar só,

em só estar

e não ser.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/04/2007
Código do texto: T465187
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