Voltando
Precisaria beber litros
Dos venenos de outrora
Que já não posso nem ver
Pra escrever algo novo
Com perfeição
Porque minha arte anda tão cansada
que cansou de ser
Eu sei a regra desta vida
Cada regimento desta orquestra
Conheço intimamente o seu papel
De fugir de encontrar um escuro
Onde possa enfim ficar sobre o muro
Porque falar de mim
Se você conhece cada segredo
Esqueçamos então bem assim
Esse ser carregado de medo
Prefiro vasculhar seu coração
Em palavras dais quais sou senhora
Nelas eu posso te desvendar
Ainda que sem os venenos de outrora.
Fica aqui o delírio o calvário
Desta madrugada sem fim
Anseio pelo clarear e sua voz
Acalmar essa luta, essa pena
Destilo amor noutro poema.