RECORRÊNCIA
Músicas que nada dizem.
Pessoas que sempre calam.
Vida que esvai-se.
Tempo que nunca cansa.
Uma diáspora de sentimentos
Que não existem além do papel.
O prazeroso tormento da ilimitada
Indiferença.
Frios dias de febris noites
Que não afugentam a dor
Causada pela retumbante delícia
De estar só.
Vagando entre corpos e copos
Bares e lares
Risos e rabiscos.
Esboço mal acabado de vida.
A negritude de sedutores lábios
Expressa em gentis palavras
Imputadas pela refinada educação
E intrínseca hipocrisia dos que velam
A Mentira.
Vênia.
Andarilho de mim
Visitante do mundo
Imã de dissabores
Para quem suplica amores.