estupidez… com gelo

o dia mal amanheceu com as nuvens pesadas e cinzas.

ela mal amanheceu… bem mal mesmo…

a vomitar palavras escuras que saiam sem cessar

da sua boca vermelha e mal beijada.

pregada na sua face amarelada e lívida do asco da farsa.

gesticulava com mãos e braços…

pregados estes no seu corpo branco e nu.

e o sangue colorido pulsava e fazia bater e até que enfim…

o seu coração já preguiçoso.

ela sujou todo o quarto de verbos e gestos feios e pouca era a luz.

mas muita… muita era a luz!

a sua boca vermelha gotejava o verbo.

a sua casa inteira…

gotejava a lama sobre as escadarias verdes e hipócritas à volta de sua morada.

e ela estava exausta e suada…

mas fazia muito tempo…

que não sentia tanta lucidez sobre o verbo escuro…

que acabara de vomitar.

ele?

com a vassoura na mão…

a esfregar e a conduzir bem mal a tudo…

para debaixo do tapete da sala.

ela…

deitou-se novamente.

e desejou por um instante a morte súbita daquilo tudo.

deitou-se… e esforçou-se em voltar a dormir.

esforçou-se em fazer um dueto…

e crer que aquilo tudo era fruto da sua insanidade.

sirva-me um drinque:

uma dose dupla de estupidez… com bastante gelo, por favor.

Karla Mello

12 de Dezembro de 2013

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 12/12/2013
Reeditado em 12/12/2013
Código do texto: T4608642
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