ETERNAMENTE ENCANTADO
Que triste é viver só
Nesse braço de terra
Que avança mar adentro.
Sentado só,
Bebo uma cachaça
Na esperança de que
Um ainda desconhecido amigo
Sente-se na cadeira ao lado
E desfie seu silêncio de uma via inteira.
Sentado só,
Aguardo um navio
Que haverá de chegar
De um país muito distante
E ainda não descoberto pelos homens de cá.
Sentado só,
Escuto sua voz nos sussurros do mar
E espero longamente que sua alma
Retorne nessa brisa muito fria
E me encontre ainda vivo,
Com forças para içar velas
E lançar-me no oceano sem fim.
Sentado, só,
Espero a volta de uma sereia que vi
E que seu último canto
Me encante para sempre.