As cigarras nunca se enganam
Solidão de nós dois
as cigarras nunca se enganam
Mais nenhum verão chegou
para me dar adeus em flor
Não partilhamos das horas
nossa completa alegria?
Olhares não traduzidos
que transformei em poesia
Luzes pequenas
pequenas luzes, são um sereno perdido que as nuvens tangem e levam embora.
Meu coração, couraça de punhais
crivados todos n’aurora
Livros que caem num abismo sem fim
brancos cabelos minha linda senhora.
Tão rútilo e febril e tudo mais me engana
Estou enraizado no teu seio a muito desde menino
Rasgo as membranas de ti protetora
de quem me fiz sempre um mor clandestino.
Minha pena é saudade que o alto céu engoliu
E despojei-me dos olhos para não ver quem partiu
E já não há mais palavras
para colocar neste drama
que a tudo escuta com calma.
Subindo a luz desta chama
Na mudez dos duros lábios
Atrás da cor que reclama
Não sei fingir, não sei fugir em mim!
Assim já tão desgarrado
feito um total abandono
Fico a latir contra a casa
que foi embora o seu dono