Ressaca de dores incuráveis
Dizer eu te amo,
para quem nesse mundo de surdos?
Importar-me com quem,
se todos se fecham em cofres?
Talvez só me restem essas noites sem estrelas,
as brisas de uma praia vazia,
as ondas de um mar revolto de sentimentos,
quando tudo transborda em solidão...
Escrever eu te amo,
para quem nesse planeta de cegos?
Procurar por quem,
se todos recolhem-se em seus egoísmos?
Talvez só me restem esses caminhos tortuosos,
os paralelepípedos de uma longa rua,
os meios fios de um concreto tão gelado,
quando tudo se transforma em desilusão...
Sinalizar eu te amo,
para quem nesse universo de insensibilidades?
Acreditar em quem,
se todos só querem seus espelhos refletidos?
Talvez só me restem os bares de bairros decadentes,
o amargo de um copo silencioso com gelo,
a escuridão de um balcão de almas perdidas,
quando tudo vira uma ressaca de dores incuráveis...