SABOR DO FEL

Noite alta, eu sem sono,

desilusão no olhar.

Esqueço quem sou, me abandono,

manhã que custa a chegar.

Madrugada que se arrasta,

na cama, imenso vazio.

De mim, esta dor não se afasta,

vento a soprar, tenho frio.

Sons desencontrados na rua,

gemidos ecoam no escuro.

No meu quarto brilha a lua,

o pranto, no peito, seguro.

Ao longe, o sol já desponta,

me avisa que devo seguir.

Corpo que não se dá conta,

sem forças pra reagir.

E assim mais um dia amanhece,

olhos lançados ao céu.

Um sopro de voz numa prece,

na boca, o sabor do fel.

Téo Diniz
Enviado por Téo Diniz em 07/11/2013
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