Por todas as vezes
Sinto falta de ter algo dentro de mim
além das mesmas dúvidas
que outrora eu caçava respostas
e que hoje não me importo mais.
Sinto falta de quando ouviam
o mesmo grito de socorro
que hoje está mais forte,
que hoje está mais forte.
Sinto falta daquela preocupação
que de fato nunca existiu
de cada porta que eu batia procurando asilo
e de cada tapa nas costas eu recebi.
Por todas as vezes que ouvi
que tudo ficaria bem
e que eu não deveria me preocupar
porque tudo o que me mata
não iria me alcançar.
Cada uma das vezes
que eu esperei pela última gota de esperança
sendo que esta última
nunca caiu.
Por todas as vezes que me sentei,
numa calçada suja qualquer,
olhando para baixo e esperando que alguém
me desse motivos para erguer a cabeça
e, por consequência, minha vida.
Por todas as batalhas que eu não conseguia mais lutar
e que me faziam segurar
um coração velho e empoeirado
que já não tinha certeza
se o tempo podia o curar.
Sinto falta de quando fingiam que ouviam
aquele grito de socorro
que hoje se calou,
que hoje se calou.