Tempo
Perdi-me no tempo por amar assim tanto
Caindo no abismo dos sonhos desfeitos
Cavando trincheiras dentro do meu peito
Afoguei-me nas águas de meu próprio pranto
Achando que amava, entreguei minh’alma
E soltei quimeras em barcos de brumas
Mas cravei a âncora em meio às espumas
E as vi morrerem serenas e calmas
Já não sei que sonhos tem sobrevivido
Em meio aos escombros do que fui um dia
Pois de tudo aquilo que de mim perdia
O mais triste foi ver que havia partido
Junto com sua sombra perdi-me do mundo
Qual fantasma errante cavalgando mágoas
E no escuro abismo brado meu sofrido
Junto com seus beijos me abraço ao perdido
Para não morrer nestas turvas águas
Que ainda derramo sem tê-lo esquecido
Talvez se voltando esse tempo um dia
Refazer os passos de certo pudesse
Não teria em mim só melancolias
A rodopiar-me qual doída prece
Quem sabe então, em fim, sorriria
Daquilo que morre mas que não se esquece.
Belém(PA), 06/10/13
18h