ESPERANDO POR SUA CARTA

As portas do sobrado

não fazem nem questão.

E as bordas do seu brado:

'então casem sem perdão'!

Haviam asas no céu

e o chão era azul.

Eu poderia me jogar

para dentro da distorção do mar.

Um carimbo do seu próprio sangue

deixou a mensagem graciosa.

E os segundos se esticavam,

enquanto meu corpo se apertava.

Não haviam letras, nem símbolos

e o que era um leve consolo

no meio de cada rosto na imensidão

se tornou a minha própria escuridão.

Eu abri os olhos e voltei para baixo.

Não havia sinal de vida, nem o gancho

no pescoço que parecia uma carta,

de seus pensamentos, tão farta.

Talvez a verdade é que eu quisesse tanto,

que vesti minha mente como um manto.

Dom Cervantes
Enviado por Dom Cervantes em 26/09/2013
Reeditado em 26/09/2013
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