VILIPENDIO TEMPO

Onde, onde

Onde o seu ombro moço

para eu reclinar meu dorso

torto de dor?

Somente no tempo

que passa, passa, passa...

passa tanto que, as vezes,

parece até que cansa

de passar?

Somente no vento

que enche de pó

a estrada, estrada errada

errada, errada...

que parece até que,

de tão equivocada,

em nenhum lugar vai dar?

Onde, onde meu corpo

que, com alegria, ia

ia, ia, ia...

e agora parece que,

dividido em partes,

fica, fica, fica,

espalhado no barro da estrada

esperando alguém

que lhe recolha ao luar

e o devolva à arte

da vontade

de novamente ir

nem que seja só pra ver

o nada

nem que seja só

para sair

do mesmo lugar...

Será que o seu ombro é fraco

e o meu corpo,

pesado demais

pro seu dorso sustentar?

Será que as minhas vis palavras,

mesmo quando caladas

não encontram alento

no lento,

vilipendio tempo

que agora mente

que cansou de passar?

MCRL/mcrl/09/09/13

Cristina Lebre
Enviado por Cristina Lebre em 09/09/2013
Código do texto: T4474779
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