VILIPENDIO TEMPO
Onde, onde
Onde o seu ombro moço
para eu reclinar meu dorso
torto de dor?
Somente no tempo
que passa, passa, passa...
passa tanto que, as vezes,
parece até que cansa
de passar?
Somente no vento
que enche de pó
a estrada, estrada errada
errada, errada...
que parece até que,
de tão equivocada,
em nenhum lugar vai dar?
Onde, onde meu corpo
que, com alegria, ia
ia, ia, ia...
e agora parece que,
dividido em partes,
fica, fica, fica,
espalhado no barro da estrada
esperando alguém
que lhe recolha ao luar
e o devolva à arte
da vontade
de novamente ir
nem que seja só pra ver
o nada
nem que seja só
para sair
do mesmo lugar...
Será que o seu ombro é fraco
e o meu corpo,
pesado demais
pro seu dorso sustentar?
Será que as minhas vis palavras,
mesmo quando caladas
não encontram alento
no lento,
vilipendio tempo
que agora mente
que cansou de passar?
MCRL/mcrl/09/09/13